domingo, 24 de janeiro de 2010

Futuro

E até já sei prever o futuro.
Talvez por sua irmandade com o insensato Presente, que de presente não é mais que o nome.
Amores idealizados, amizades eternas, irmandade sincera; Nada disso é real. Não para mim, que vivo em um mundo diferente do proposto pela pacata, incriativa e monótona maioria da população. Não digo que minhas ações ou gostos são superiores. Não, nada de discursos ao estilo Hitler.
Mas simplesmente diferentes. Não assim, de boca para fora, como julgam diferente tudo o que existe, mas do tipo que não consegue se enturmar em
assuntos cotidianos das pessoas ou sentir emoções consideradas normais, ou cíclicas.
E, voltando ao futuro, não é assim um bicho de sete cabeças, ou sequer indecifrável.
É até previsível demais para o meu gosto; e com a previsão, também se torna cíclico e monótono, como o tal presente.
Já sei que vou sofrer pela minha indigna mania de esperar mais dos outros do que eles possam dar e por os idealizar; por viver em constante
mágoa, indecisão, orgulho e falta de decisões.
Já não me é assim tão estranho a traição por alguns que um dia julguei fiéis, ou o esquecimento de valores essenciais há uma época, os quais
deveriam ser eternos. Não, isso não é novidade. E, por esse presente que a tantos se faz desfrutável, passo como a queda de uma folha em um dia
qualquer, imperceptível, à espera de um futuro não tão louvável, com quedas esperadas e perdas inconsoláveis; com decepções tantas que fojem
à possibilidade de lembrá-las.
Mas não me rendo; não dou ao futuro o prêmio de vitória sobre mais um que por ele passa. Não afogo mágoas em copos com álcool, ou tento
sufocar os fantasmas da minha vida em um lugar isolado. Não!
E também não digo que dele me faço vitorioso, por conseguir encontrar superações aos tombos. Apenas considero 'diferente', por falta de definição
mais coesa, e, com atos já banais e comportamento indiferente, sigo meu caminho a um lugar incógnito, lugar qualquer, mas por uma estrada há
tempos conhecida.